Nesse coração mulher,
Habita um tal de amor profundo,
Que como pirata, busca um tesouro
Em algum outro peito pelo mundo.
Um amor feito para ela, que alimenta.
Mas o amar é uma dança que a desorienta,
Tenta acertar o passo, cheia de embaraço
Troca de sapato, aumenta, diminui o passo,
Muda compasso, mas sempre erra o passo,
Se sente um fracasso, e volta ao marca-passo.
Redireciona velas, o tesouro que ela procura é careta,
Fora de moda, sem mapa, raridade, opereta.
Coisa de algum passado, tipo encantado:
Romântico e cavalheiro, refúgio verdadeiro
Com mãos de carinho, maduro e protetor,
Decidido, mais que um porto, farol orientador.
O amor é complexo para ela, que aceita sua jornada,
Escreve e segue, em suas remadas desgovernadas.
Apesar das desilusões e das letras erradas,
Das breves histórias marcadas por ausências,
Do barulho do silêncio falando de faltas e clemências,
e das flores nunca enviadas
das palavras nunca ditas
da gentileza bendita
dos planos que nunca ornaram
dos jantares nunca celebrados
das letras que não rimaram
dos sinais nunca considerados
da melodia que não incendeia
da frieza do cuidado
do amor não encontrado
do velho sonho por ternura,
e de amores que não perduram.