Todo mês raízes de sentimentos antigos ressurgem à superfície, palavras lutam para conter a maré dos meus sentimentos intensos, minha alma vira águas tumultuadas enquanto as velas, quase se rasgam nas correntes de emoções que as guiam como vento.
Todo mês caio em um lugar conhecido, onde sinto profundo o vazio da profundeza intensa, sou tocada por sonhos que abandonei, apunhalada pelo meu próprio ser, por tudo o que eu já fui e tudo o que deixei de ser.
Todo mês os meus ‘eus’ se amontoam em camadas e camadas tão intricadas, que meu coração parece desfalecer diante da imensidão dos sentidos que carrego e aí, as palavras escorrem como rios em mim, para conter oceanos de sentimentos antes nas estantes.
Todo mês, imersa nas águas da minha própria existência luto contra as correntes de emoções passadas, presentes, e as que a mente tece. É um ponto em que a exaustão de viver conforme tempos alheios me empurra a uma rebelião contra uma vida não vivida.
Todo mês, profundo é o abismo que me torno, me sinto agulha que o tempo não alinha, uma orquestra que ressoa versos mudos, encaro o ciclo que se repete e imploro por ser livre de ecos de passados e daquilo o que preciso ser.
Todo mês a Lua evoca as marés, viro instrumento no concerto de emoções graves e agudas, tocando os acordes das minhas sensações descontroladas que me machucam.
Todo mês.