Em meio aos últimos dias de mais um ano (ou menos um ano, nunca sei), o velho conhecido Natal se desenha como uma coisa triste, apesar de bonita.
Na árvore que não monto mais, pendurados, enfeites de saudades, de sonhos mortos e outras tantas novas esperanças. Aos pés, emoções como presentes, em embrulhos feitos de risos e lágrimas.
As luzes piscam, mas é na minha mente que oscila, entre o calor do amor e o frio da agonia. O sino toca vez ou outra, como um chamado à estabilidade. Para mim, Natal sempre renova a minha velha vulnerabilidade.
Ando pela véspera cozinhando pensamentos em forno que faz a gente suar. Na mesa posta só na imaginação, há as lembranças como banquete, e uma família reunida em um tipo de vazio que sempre esteve presente.
À meia-noite será sempre um abraço apertado, um eco dos momentos passados. Neste Natal de margens, entre o céu e o abismo, busco equilíbrio na dança de um destino cismado. Mas quero, desejo e me animo sempre com o amanhã, pois sou afrontosa com o meu passado.
Que o abraço da compreensão nos alcance, na escuridão que se esconde atrás dos olhares obtusos de uma sociedade sem heróis.