Ser mãe é brincar de deus, na parte divina e na expiatória. É lançar sementes ao vento: filhos, são pedaços de nós que se desdobram em asas, que voam para lá de nós, para onde a vida os chama.
A vida é um eterno ciclo de deixar ir, enquanto seguramos as rédeas do coração.
Na minha brincadeira divina, me senti mestra do universo, arquiteta de sorrisos, inventei galáxias de carinhos. Na minha expiação, aprendi que o amor é uma travessia, um rio que segue seu curso, levando os dias na correnteza. E sigo assistindo ao espetáculo das metamorfoses que o amor promove.
Ser mãe é permitir que as sementes lançadas ao vento, transformadas em asas, voe. Em uma celebração contínua de um amor que transcende o tempo, de um poema que nunca cessa de ser escrito, uma canção de ninar cantada desde o primeiro tempo.
Ser mãe é ser o criador e a criatura, é viver na dualidade de soltar e querer segurar, sabendo que, no fim, somos todos eternas crianças em um vasto quintal brincando de esperanças.