Há dias em que a tristeza parece infiltrar-se em meus ossos, como se estivesse grudada em mim, e, por mais que eu tente descolá-la, não encontro a ponta. Aí, o rio dos pensamentos murmura suas lamentações, contando histórias para as pedras – meus sentimentos mortos – que, indiferentes, escutam sem julgamento.
É como tomar um gole de chuva que nos esfria por dentro, num dia cinza de saudade. É sentir as nuvens pesadas nos ombros e, mesmo assim, tentar carregar de poesia os pingos que choram dela. Fico vazia, observando a melancolia como quem observa um pássaro triste no galho de uma árvore esquecida.
Dá para sentir o gosto da tristeza na boca, como o gosto salgado de lágrimas, só que sem chorar. Existem lágrimas tão grandes que não saem, choram para dentro.