Patrícia, desculpe a demora em te responder. Queria ter tempo.
Adorei o vídeo, a edição, mas foquei nas letras, frases, reflexões…meus caminhos. Gosto de textos que perguntam mais do que respondem. Acredito que aprendemos quando questionamos. Sempre.
A morte é um tema universal lido, relido, escrito e reescrito ao longo dos tempos, ainda assim nos encanta, apavora e gera dúvidas. Gosto de como o seu eu-lírico se expõe, sem subterfúgios. Procuro ser assim também quando escrevo. Não gosto de máscaras. Lendo seus textos, senti isso. Você dá a cara a tapas. Não teme o leitor, as críticas…. Arte se faz assim. Não existe neutralidade. Me incomodam muito os neutros, imparciais, beges, em especial em alguns momentos da história.
Quanto a sua pergunta…
Acho que quero ser lembrado, Patricia.
Me incomoda a ideia de passar 70, 80 anos aqui na Terra e, ao morrer, algumas lágrimas caírem, mas em poucos meses vc e sua história terem sido esquecidos. Acho que escrevo pra ser lembrado.
É, acho que escrevo pra ser lembrado. É isso que quero ser quando morrer…
Glauco Keller
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Querido Glaudo,
A demora, é apenas a dança ilusória do relógio, que teima em se perder em tudo o que queremos ser e fazer.
O vídeo, me foi obra do coração, e agradeço demais você ter assistido, gostado e ainda ter me dado um feedback desses. A edição, um poema em movimento, são manobras para tentar chegar aos leitores, mas sim, meu ser se perde é nas letras, nas frases que ecoam as vezes como murmúrios do universo.
Ah, eu também amo as perguntas, essas pérolas da mente que nos fazem dançar entre a luz e a sombra. Aprendemos, verdadeiramente, quando desafiamos os limites do entendimento. A morte, esse mistério que se tece em fios invisíveis, sim, é o tema que permeia nossas vidas, mas que ainda nos encanta e nos apavora como você bem colocou.
Busco a mesma transparência quando me entrego à tinta mágica da escrita. Não carrego máscaras, pois, elas só reproduzem palavras em série. Os neutros, os imparciais, os beges da história não me inquietam. Prefiro as cores vibrantes, mesmo que por vezes sejam sombras densas. No palco da vida e da morte, realmente não há espaço para o tom morno da indiferença.
Sua resposta, sobre escrever para bem morrer, foi sensacional.
Assim, entre letras e entrelinhas, te agradeço. Que a tinta de nossas palavras se entrelace, criando um quadro que perdure na memória dos que ousarem mergulhar na profundidade das nossas almas.
Com gratidão e poesia,
Patricia Volpe