Da série ‘perspectivas filosóficas sobre a natureza da personalidade’, através de filósofos.

Aristóteles, focando na ética da virtude, argumentou que a personalidade é moldada por hábitos que buscam a excelência moral. No TPB, aliada a construção da personalidade ideal em Platão (vide este outro texto aqui no blogue, em “Diário de Bordo(er)), a perspectiva aristotélica pode lançar luz sobre os desafios morais enfrentados por indivíduos com dificuldades em manter relacionamentos estáveis e comportamentos emocionais consistentes.

Para o pensador, existiria 11 virtudes principais, ou, de suma importância. São elas: coragem, temperança, liberalidade, magnificência, o justo orgulho, a calma, a veracidade, a espirituosidade, a modéstia, a justa indignação e a justiça. Esses seriam justos caminhos. Aristóteles mostra que a virtude está relacionada com o “justo meio”, a mediana entre os vícios por falta e por excesso. Por exemplo, a virtude da coragem é a mediana entre a covardia, vício pela falta e a temeridade, vício por excesso.

A perspectiva aristotélica pode ser aplicada para ajudar a lidar com sentimentos de culpas resultantes de ações impulsivas. Aqui estão algumas possíveis sugestões práticas:

  • Ética da Virtude: Explore as virtudes relevantes, como por exemplo a temperança, prudência e a fortaleza, que Aristóteles destacou em sua ética. Elenque-as. Identifique áreas específicas em que essas virtudes podem ser acionadas e fortalecidas para lidar com impulsos prejudiciais. Para colocá-los como âncoras quando estiver emocionalmente vagando. Ficou em dúvida de como está agindo no momento da impulsividade? Está em dúvida se está agindo corretamente? Busque nas virtudes referências.
  • Exame de Consciência: Realize um exame de consciência reflexivo após ações impulsivas. Isso pode envolver perguntas como “Essa ação está alinhada com minhas virtudes? Ou ela foi de encontro com aquilo que me defini?” ou “Como essa escolha ou reação afeta minha busca pela eudaimonia como indivíduo (realização plena)?”
  • Desenvolvimento de Hábitos Positivos: Trabalhe na construção de hábitos que promovam a auto regulação. Isso pode incluir estratégias específicas para lidar com impulsos, como a prática da atenção plena ou a implementação de pausas reflexivas antes de tomar decisões importantes.
  • Cultivo da Responsabilidade Pessoal: Explore a ideia aristotélica de responsabilidade pessoal. Reconheça a sua capacidade de escolha e a assuma a responsabilidade pelas consequências de suas ações, ao mesmo tempo em que busca se melhorar constantemente. Discorra quantas vezes forem necessárias sobre as diferenças entre ‘responsabilidade’ e ‘culpa’.
  • Desenvolvimento de Relações Positivas: Promova conexões sociais e relacionamentos saudáveis como parte integrante da busca pela eudaimonia. Relações positivas podem servir como suporte emocional e ajudar a prevenir ações impulsivas. Isso vale para relacionamentos amorosos.

A abordagem aristotélica fornece um arcabouço ético sólido que pode ser adaptado para trabalhar especificamente com as questões de culpa associadas a ações impulsivas em indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), assim como um firmamento claro de seus valores, dando-o um norte a seguir quando se sentir perdido em situações onde as emoções lhe tomam conta.

Platão, o construtor de mundos ideais mostra,
A auto regulação em cada decisão.
À personalidade que à virtude desafia,
Na força dos hábitos está a transformação.

No transtorno e na instabilidade que se esconde,
A perspectiva aristotélica, como luz brilhante,
Revela caminhos quando a culpa responde
Às ações impulsivas, como torrente abundante.

Responsabilidade pessoal, como antiga semente,
Escolha consciente, assumindo a frente.
Responsabilidade não é culpa,  são diferentes.

Teia que sustenta o destino final
Em conexões saudáveis, a alma se alimenta,