Há dias em que silêncio soa repetido.
O mesmo nada desbotado:
A monotonia de existir.
E nós?
Casas emprestadas
Por onde o amor atravessa
Autossuficiente, alheio à posse.
O amor nos coroa e nos crucifica
Nos aumenta, e depois nos poda,
Para o nosso Bem, dizem.
Amor só dá e só recebe de si – o Si próprio.
Não começa em nós, não termina em nós
E o seu único desejo: sua plenitude
Basta-se em si mesmo.
Amamos e porque amamos, somos felizes.
Amar não é ter Deus no coração,
É estar no Coração de Deus.
E depois daqui? Será o mesmo?
Um imenso domingo sem fim,
onde só cabe a permanência
— na mesmice infinita,
esperando o amor nos atravessar?
Amor é e está, como um ser único.
Está em todas as coisas e pessoas
Penetra tudo ou nada.
Ele é quem nos escolhe.
Acorde! Olhe a aurora
Com o coração alado,
Eis um novo dia de amor!
Saia procurando valores
Escondidos nos instantes do dia
Realize-os como quem planta iscas
Para o amor — pra ver se ele morde.
É preciso resistir ao tédio que é essa falta
Enquanto esperamos a nossa vez
De novamente doer de amor.