Na lama do tempo a vida desanda em ciranda. Tudo tem seu chamego, tem renda, tem mato, tem segredo. Tempo é um ribeirão, devagarinho, onde o coração dança, passarinho. Respeite o tempo, esse mestre sabido, um bicho escondido. Observe o instante, miúdo e grandioso, espere a hora certa, o fluir do destino.
Dê tempo ao silêncio, onde o verso espreita, crescer é um segredo, a natureza é perfeita. Confie, se entregue pro vento da sorte, no sertão do amor, sem medo da dor. Dê tempo pros peixinhos do pensamento crescer na beira do rio do sentimento, a vida tem seu ritmo, caminhe com a paciência como abrigo.
Compreenda que no correr do riacho, nem sempre o controle é um atalho. Muitas vezes, é da chuva e do sol, permitir-se ao milagre, ser riacho, ser lençol. Receba as bênçãos como brisa matinal, entregue-se ao divino, no mato, no quintal.
Compreenda que há forças além de nós, não é só nossa mão. Permita-se ao milagre, à gratidão. Receba bênçãos como chuva suave, entregue-se ao divino, como seu enclave.
Confie, meu amigo, solta o controle, seja o riacho que flui, que não se encolhe.