Num mês que desfolha ausências lentas,
O coração, torna-se mendigo do que acalenta.
Palavras esguias, vilãs, inventam
De tudo, para me salvar da tormenta.
Do tempo que se estende, das horas que inibem,
O vazio é palco onde as saudades se exibem.
Amargo novembro tem eco em pranto,
O pesado tempo nu, me cobre com seu negro manto.
Num mês sem tua presença, do sentir sem encanto,
A tristeza, que me mata e não morro, canta coros.
Um mês sem ti, e o coração faz versos calados, de choros
Feitos de murmúrios da alma, em som de socorro.
Assassinada pelo abandono de tudo o que poderia ser,
Viver, dizer, crescer, sobra a rejeição desumana,
No palco da ausência, poesia triste se embalsama.
Dias caminham lentos, vagantes em lamentos.
Saudade é fio que um dia bordou alma em ouro,
E agora rasga pontos e embala o peito no jardim.
Junto pedaços de um rejeitado e desistido mapa de tesouro,
No compasso lento, dos dias que não ligam para mim.
Um mês sem ti, e a saudade é canção sem fim.