Em meio ao mato das palavras mal ditas e bem ditas,
eu amei e a alma rasgou, deixando desilusão escrita.
Amei muito, um tanto de céu, um tanto de abismo.
E nas curvas de um coração pela vida, encardido,
a pele sentiu o rasgar da ilusão, um sismo.
Hoje, em minha pele quintal, jardim de enredos,
as palavras finalmente andam descalças
e eu penso no amor como um bicho-medo.
Medo de amar, medo profundo,
de tentar e morrer num segundo.
No sussurro das cantigas de solidão,
custou sair do abismo da decepção.
Mas coração, teimoso feito bicho do mato,
mesmo temeroso, ainda suspira por aquele voo,
aquele instante de ser inteiro no outro.
Quero aprender a amar
como quem respira,
sem receio da ferida.
Entre o medo e o desejo do novo,
nascem em mim versos gemidos,
feitos de palavras que tremem,
num poema de nós, despidos.