A arte é um rio que escapa entre os dedos de uma mão livre, deslizando pela margem do pensamento como um pássaro que voa pelos sentimentos sem mapa. A arte, é criatura que veste a pele do não dito e brinca na borda do visível, como um pé descalço que se aventura no orvalho da manhã. É um pincel rebelde na paleta do mundo, dizendo que todas as cores são limites e o infinito é uma cor só.
Arte não é só uma sombra projetada nas paredes de um palco ou de uma praça, mas um espelho eterno que reflete almas. No brilho majestoso de sua liberdade, ela sempre sussurra respeito, pois sabe que sua sombra toca as sensibilidades que a cercam, como o vento que acaricia a pele de um corpo em silêncio, nu e sensível. E se a arte é a chama que questiona o universo e suas leis, é também o reflexo de um coração que escuta o murmúrio das diferenças, respeitando a cadência das tradições e dos sonhos alheios.
Uma linha tênue separa a Verdadeira Arte das artezinhas que se vestem de revolução, uma linha fina onde dança o ser e o não ser, o questionar e o acolher. O artista é, assim, um jardineiro de almas, cujo desejo é que seus cuidados transcendam todas as raízes, sem sacrificar corações para nutrir outros. Em sua liberdade de ser tempestade, a arte carrega o peso da sua própria asa: a capacidade de desafiar e de tocar, de quebrar e de curar.
A arte não é a revolução que causa mal-estar no peito, não é a afronta sem razão, mas o convite ao diálogo que floresce nas entrelinhas onde dança a ponta da língua. Ela não reflete apenas o tumulto das ideias, mas também o ser humano que contempla, que sente, que acredita, que deseja entender e ser ouvido, sentido, respeitado. Arte, em seu esplendor, não deve apenas chocar, mas também tocar o coração do mundo, com a ternura de quem sabe que revolução é aquela que transforma sem ferir.
O circo, com sua corda bamba, balança as emoções com brilho passageiro, dançando na superfície da encantaria. Entrega volumes e impactos visuais mais do que mensagens escondidas no não dito; assim, meio mal dito, repousa na memória fugidia. A arte, ao contrário, é sempre bem dita, pois fala direto aos sentimentos, reflete corações distintos e variados, transcendendo almas ao uni-las. Toca o infinito ao buscar o mais profundo, traça significados sutis no tempo, como quem escreve vida no vento. Ambos celebram a vida, em encantos e eternidades, cada um em seu assento.