Caminhai, humanidade, pois o Espírito não se detém!

Não vos percam na ilusão do instante, pois o espírito não é estático. Tudo está se tornando algo. Tudo que se fixa, morre. O conflito é necessidade, é a dor da contradição que nos impulsiona para além do que somos agora. Acolham a dialética da vossa era! Não há progresso sem enfrentamento: o que vos parece caos é apenas o Espírito se movendo. E o mundo move-se porque é inquieto.

Não vos iludais com o ódio. A discórdia que vos separa, a crise que vos fere, são degraus necessários na escada da consciência. O saber, a justiça, a própria liberdade são frutos do embate entre o que foi e o que pode ser. Reconheçam-se no outro! Nenhuma civilização se sustenta na negação de sua própria interdependência. Somente ao enxergar no outro um igual – e não um oponente – o Espírito avança para sua verdade mais alta.

E em ti, como no mundo, a dor também é parto. O que hoje te rasga, te recria. A crise não é só um fenômeno do mundo, mas também uma travessia interna. Avançai, pois o Absoluto vos aguarda! Se vos afogais na fragmentação do mundo, erguei-vos dando as mãos! Não sois ilhas separadas, mas parte de um todo em constante transformação. Seja vós um dos elos de conexão que passaram pela Terra nessa vossa existência que é tão breve.

Esperança é construída com atitude. Esperança não é passiva. O Espírito jamais recua, ele se eleva pela negação do que é insuficiente. Assim, sede críticos, sede inquietos, sede gentis, sede agentes, sede canais daquilo que liberta o outro. Pois o devir é inexorável e o Espírito seguirá seu curso — convosco ou sem vós.