Pessoa que é gente, anseia ser amada.
Mas no mercado humano, tudo se degrada sem novidade.
Na liquidação de gente não há mais gênios, nem inéditos.
Apenas vozes gritando autopromoções em busca de felicidade.
Cada um suporta sua própria existência,
Enfeitando suas vidas – faixadas – e feeds com pouca consistência.
Época infame para os românticos de coração,
Poetas e artistas perdidos na multidão.
Dessa vida incerta de começo e fim certos,
Sou valente em preferir ser odiada, que mal amada.
Na feira da vida tudo parece banal,
Onde perguntas vazias não têm valor real.
“Tudo bem, como vai você?”
Mas não esperam respostas, é só por dizer.
Gentileza desinteressada, preenchedora de linguiça,
Conversa vazia, superficial, imprecisa.
“Até to sim” ou “mais ou menos”, são respostas comuns.
E a verdade passa despercebida, como faixa de pedestre.
A conversa termina, a vida continua por dias silvestres.
Cada um com a sua bula sem remédio, só tédio.
Nesse mar de tédio e remédios, saio da feira e visto minhas vidas.
Me faço porto de mim mesma. De novo a poesia aflita.
Volto para a briga que ninguém vê, atrás do farol,
E misturo cola com vidro em meu sangue de cerol.
Sinalizo no mudo. Deixo pistas.
Faço caminho no chão com migalhas
E escondo a verdadeira resposta nas sombras
Das palavras mal ditas e mal ouvidas