A Lua parece cheia, mas mingua sem ninguém ver,
A noite estremece, no seu silencioso escurecer.
Nuvens me atravessam com ares de risos,
Em céu debochado, profundo e preciso.
Sinto a angústia de uma concha perdida,
O mar suspira, as minhas memórias da vida.
Dói, quando se soltam fragmentos de mim,
Em versos assanhados, com raízes sem fim.
Uma dor de pedaços que não se reencontram,
Não sou fluida, possuo cantos que me desmontam.
Sou a minha história, despedaçada,
Em cada página tem pedaços de alma marcada.
Poema é meu delírio lúcido, meu fluido,
Na penumbra do destino, na trama do absurdo, .
Desconto minha instabilidade nas palavras,
Entre letras, o sublime e as dores mais bravas.
Sou feita de buracos, alguns com margens, outros sem bases.
No palco dos espaços, entre enigmas estão minhas fases.
Imagens são palavras que ninguém conseguiu escrever,
No silêncio da mente, elas não querem perecer.
Não possuo riquezas de ventos,
Só tenho a simplicidade do que não vivemos.
Em textos incertos, construo minha trincheira,
Me encosto em palavras fundas e sem eiras.
No abismo das letras, a alma se aprofunda,
No jogo da escrita, a loucura se curva.
Poetas e loucos se compõem em palavras
Marinadas em poesia absurda.