Eu sou a borboleta que habita à beira do precipício emocional,
Em cada olhar perdido no espelho, uma fé incondicional.
Eu sou um eco das profundezas do universo,
Sou poesia em movimento, um ser em lágrimas submerso.
Eu sou a criação modelada pelos enigmas do meu coração,
Cada ruga um capítulo, cada lágrima, uma busca por redenção.
Carrego comigo cicatrizes das batalhas já travadas,
Uma tapeçaria tecida com fios de esperança e resignação.
Eu sou feita de luz e sombra, de sonhos e realidade
E minhas batalhas são cânticos de liberdade.
Em minhas margens estão os segredos da humanidade.
Nas margens da vida, eu sou poesia viva em caridade.
Entre as margens dos dias, onde Marias e Evas caminham,
Conto contos de heróis a bandidos, e dou à luz o sonhar e o ser
Numa jornada eterna em busca da justiça ascender.
Eu sou Maria, com olhos de água e mãos calejadas de lida.
Eu sou Eva, com o brilho do conhecimento, na fronte, erguida.
Eu sou semente raizeira que dá flor até em terra ressequida.
Minha alma é uma canção antiga de vários tronos,
Nos rios da existência, Marias e Evas remam em Cronos
Para um destino de heroínas postas no abandono.
Que nossas vozes ecoem, como um hino, uma cruz,
No ventre de Marias e Evas, há uma rosa, a promessa da luz.
Guardiãs de mistérios, sacerdotisas da emoção,
Entre as margens do que é mulher, pulsa o meu coração.
Somos a própria mão estendida, implorando por união.
Oceano de possibilidades, reflexo da lua no mar,
Que meus gritos sejam como o canto das aves no ar.
Sou a voz da mulher, em cada vale entre montanhas a ecoar.
Grito liberdade, refletindo a força dos séculos, eu clamo,
Por direitos iguais, por um mundo sem a assinatura do engano.
Minha voz é cântico de esperança, vem do meu ventre a criança,
Desafiando o status quo, rompendo a barreira da inércia insana.
Sou o eco das vozes que vieram antes das fronteiras de mim,
Trilhando caminhos tortuosos de recomeços, desafiando o fim.
(Texto publicado no Jornal Primeira Página, São Carlos-SP)