Na mata fechada, onde o sol não alcança,
O diabo afaga e arde, feito brasa em mantas.
Seus braços são cipós, serpentes da sedução,
Que enlaçam o peito em dança de ilusão.
Um pacto sem cor, no escuro da emoção,
Onde perdemos o caminho e a direção.
No silêncio do breu, onde o tempo não passa,
O diabo abre seu abraço, o artista do contraste.
Cuidado alma irrequieta, no fim é só eco do vazio,
O abraço do diabo é triste e sombrio.
Pois o que ele dá é um sonho tardio,
Um engano que mata o próprio rio.
O câncer é um intruso, que chega sem aviso,
Um eco sombrio que assombra os caminhos.
Na metamorfose do corpo, células desgarradas
Exigem nova jornada forçada.
O câncer é poema sombrio e sem cor,
Que rabisca versos de dor.
Nas veias, no silêncio das células, uma revolução
Onde o corpo luta, em busca da salvação.