Memória é espelho submisso e fiel. Refém de estímulos, ela guarda lembranças que se entrelaçam e histórias deixam lacunas em trilhas da vida não revelada.
Mala sem alça, onde estão os fragmentos de nossa jornada e de nós, como quadros de museu pendurados no palácio da alma. Começo agora a selecionar memórias, como curadora da experiência.
A importância do passado aprendi na pele: o que lá se retém, pele alguma por muito tempo contém, vai estriando até estourar. É preciso atenção consciente ao palácio da alma.
Dou passos tortos por caminhos certos e passos certos em caminhos tortos. Tenho muitos erros pela frente desvendando o que desejo, vou sendo verbo que não se prende a substantivo.
Amar, às vezes parece um gesto cruel, que nos veste com a esperança de ser a escolha mais fiel. Mas é a falta que se faz presente até o presente virar passado, o passado virar lembranças com lacunas, e as lacunas apenas memórias vazias: o vazio na memória.
Autoconhecimento traz consequências aladas: saber o que se quer no futuro vira dilema. Colchão acolhe dor e o tempo, incansável, canta refrão no pé do ouvido do coração. Por amores perdidos e por saudades diversas, a solidão se debruça ao lado, para ouvir o tempo cantar o mesmo e constante refrão.