Escorre a vida no fundo das horas,
O espírito curioso sente as auroras.
Às vezes, a alma em si se pesa e encolhe,
Mas é na busca que o mistério nos acolhe.
Nos lugares esquecidos, onde o Sol se perde,
A Lua como um velho conselho, alma insere.

A consciência é sala de espelhos,
Ondas de anseios. Em reflexos infinitos,
Cada olhar revela outro olhar perdido.
São camadas de imagens sem fim,
Nenhuma reflete o que repousa em mim.

Um suspiro se ergue, no orvalho que rege,
É o sopro ancestral da matéria a clamar:
Ó, Infinito que habita no profundo eternizar,
Escuta-me do mundo, o lamento de estar vivo
Aqui, onde o destino é sempre cativo.

Eu te peço, com alma cansada,
Abra a minha mente, dilacerada.
Dá-me luz para ver além do espelho,
Um norte onde eu me ache em Teu conselho.
Mostre-me o sentido que a mente não vê,
Me desvenda o caminho que leva ao porquê.

Que em minhas ações a fé seja sempre erguida,
No trabalho em oração, eu, Sua prova viva.
Escuta-me do mundo, o lamento de estar vivo,
Que meu coração órfão de sossego, clama por abrigo.

O que resta ao fim se tudo se vai?
Em ciências vazias, sem rumo e sem paz.
No silêncio profundo, a Verdade é cais.
Quando a fé renasce da queda mais forte,
Abre em luz, uma rota à norte.

Na busca do sentido, da Luz a guiar,
À paz que o mundo, um dia há de alcançar.