Incomoda, sabe? Porque alma não se acomoda, fica chamando no pé da orelha do coração. Tem dor que não toca fora – dói de dentro. Chega a ser gostoso, o bendito do tormento.

Nua, visto teimosia, que me engole crua, e digo à alma que às vezes não dá, que posso afundar na eira sem beira.

E em tentativas de explicar as fugas da minha mente, quase caio para dentro – de mim. Sobrevivo a tudo o que não é amar e assisto até onde a mágoa cresce no tronco do que plantamos.

A vida não é breve, desperdiçamos muito, vida é longa o suficiente. Suporta grandes passos, da música do tempo é regente.

DNA é caixa de Pandora, denuncia hereditariedade do que fomos. Porta mensagem codificada, o legado poético do que somos.

Cada gene um verso encantado, nas entrelinhas do que seremos. Maçã do Éden cochicha ao tempo o mistério profundo, mas parte da mente adormece perdida nos segredos do mundo.

Incomoda, sabe? Porque alma não se acomoda, cintila. Porque parte de nós vive em despedida.

Interessa o que sei não o que acho, ideia é entidade. Preciso salvar minhas lágrimas, meus gemidos enterrados nos medos, nas preces e nos infinitos verbos recomeçados no avesso do que estou, para me tornar o que sou.

Vai alma valente… persiste, cerca, provoque, incomode, para a morte não chegar e constrangida me encontrar.