Em gestos de entrega, amavam-se, dois corações em linha reta. Fronteiras foram rompidas, ela voou, mas num voo breve, sem resistência em ar de sufocar.
Num céu compartilhado, era uma só asa a pairar.
Relógio segurava atitudes em suas horas em descompasso, em cada batida, um adeus premonitório. Amar, voar, antecipar o próprio enlevo ilusório. Num amor onde fronteiras eram linhas tênues, em voo curto, uma asa, ousou liberdade.
Mesmo no abraço onde o maior de todos os seus afetos existiu, ela antecipou o passo.
Amar é invadir e voar no mesmo espaço, mas às vezes, medos tecem seus embaraços. Amavam-se, mas ela, em desatino, adiantou o relógio, quebrando o destino.
Que o tempo não roube o que já foi dado, que leve só o que foi ilusório.
Mesmo amando, antes que fosse tarde, ela adiantou o relógio.