Prosa Poética
Palavras em liberdade, como toda boa prosa tem de ser
SOBRE FAZER ANIVERSÁRIO
Na era da estética avançada, onde salva-se rosto, corpo e cabelo, pergunto-me: quem ou onde salvamos o que há dentro? Minhas rugas contam sobrevivências. Desloco-me com rugas internas, caminho com sulcos por dentro. Aprendi a desbravar os territórios escondidos de mim...
Outrora ele vivia poesia, agora, poemas.
Em gestos de entrega, amavam-se, dois corações em linha reta. Fronteiras foram rompidas, ela voou, mas num voo breve, sem resistência em ar de sufocar. Num céu compartilhado, era uma só asa a pairar. Relógio segurava atitudes em suas horas em descompasso, em cada...
Pele é Foda
Deus esculpiu a alma, o diabo, astuto, veio em segredo e a pele criou, bruto. Película que esconde seres profundos, nas dobras, desejos em queda nos sulcos. Deus fez a alma, mas a pele é o manifesto, e no caos dos sentidos, o amor é o protesto. Mas, é fácil nos...
Mãe de Quintal
Ser mãe é brincar de deus, na parte divina e na expiatória. É lançar sementes ao vento: filhos, são pedaços de nós que se desdobram em asas, que voam para lá de nós, para onde a vida os chama. A vida é um eterno ciclo de deixar ir, enquanto seguramos as rédeas do...
Caos: Um Barco à Deriva Dentro de Mim
Tudo posso naquilo que sinto. E se não sinto nada, quando percebo uma emoção, tento agarrá-la com a delicadeza de quem segura uma pluma. Em tudo o que é novo, há um encanto efêmero que se esvai com a marcha inexorável do tempo. Há a implacável obsessão do Tempo em nos...
Crônica de Pandora – Uma Noite Qualquer
No raiar do ano novo somos eu, a minha gata Pandora e a Lua. A contagem regressiva, como marmotagem, é em direção ao início de contagem. Carro quebrado, meus pés a pé, o destino desatado. Ano novo, carro velho, versos nunca novos, solidão já conhecida, sonho velho,...
Um Feliz Ano Velho à Todos Nós
Em meio ao silêncio que precede o ano novo, as palavras se inquietam sem destino certo. Observo a passagem dos minutos como quem contempla o movimento das águas, captando o instante em que o ano, como que em um funil, deslizará para um novo horizonte. Nem sei como...
Uma Passagem Fronteiriça: Natal
Em meio aos últimos dias de mais um ano (ou menos um ano, nunca sei), o velho conhecido Natal se desenha como uma coisa triste, apesar de bonita. Na árvore que não monto mais, pendurados, enfeites de saudades, de sonhos mortos e outras tantas novas esperanças. Aos...
O Colar Feito dos Rastros de Partidas e Permanências, Pérolas de Vida.
Às vezes, pessoas escorrem lentamente de nós, como areia fina entre os dedos, e nós também perdemos os outros da mesma maneira. Às vezes, o processo é tão gradual que nos ilude, nos escapa à percepção, a perda se disfarça em pequenas ausências até que, de repente, o...