Querido medo, o horizonte não nos desmancha – somos feitos para ele. Há de se ter coragem de viver o que faz o peito crescer, de ser honesto com o que sentimos, de soltar as grades da prisão do ego, da obrigação que não existe, da pena que nos chantageia, da expectativa de todos nós. Porque ainda há tempo.
Viver é um ato de desamarrar cordas, mesmo as que parecem feitas de ternura. A vida, essa jornada curta, não cabe num coração que foge, porque no fundo, o horizonte só chama quem tem pés que sonham destemidos. O sonho é a verdade que ainda não aprendemos a acreditar.
Como é bonita a coragem de olhar para o passado com olhos de costura, alinhavando as pegadas tortas que deixamos. Nunca é tarde para remendar os buracos que deixamos nas vidas dos outros, para abrirmos as mãos e devolvermos o que tiramos de alguém. Ou de nós mesmos.
Não se permita ser apenas mais um ‘quase’ que não ousou atravessar a porta, carregando no bolso a desculpa de que foi fulano. Só você tem a responsabilidade e permissão na sua vida para se salvar, quebrar ou consertar, recomeçar, voltar ou partir.
O que é coragem, senão um ato de honestidade com o que dói, com o que pulsa dentro da gente pedindo passagem? Coragem é a verdade cantarolada pelo coração, pedindo para sair do esconderijo vestida de vulnerabilidade e chamando a gente pra viver agora. Não amanhã, nem depois, mas agora.