Se cada problema que enfrentamos fosse um ‘dia’, nas manhãs de cada problema, onde o sol, preguiçoso, desperta entre as folhagens secas e desanimadas de viver, a amizade seria o acalento do orvalho que se desdobra em sua mais singela religiosidade.
É como se cada encontro entre amigos fosse o nascimento de uma flor rara, daquelas que nascem no meio do mato sem que ninguém as tenha plantado.
Na pureza das partilhas e nas cumplicidades, esvoaça a amizade, como roupa livre em varal de imensidão, se despregando pelos vãos do tempo. Amigos são os guardiões dos instantes, os sábios das pequenezas.
A amizade é uma religião sem templos, sem dogmas, revelada nas miudezas dos grandes acontecimentos. Amigos são pérolas preciosas encontradas no lamaçal cotidiano. É nesse entrelaçar de almas que encontramos a mais pura manifestação da divindade.