A política, essa bicha de gravata, não quer mais gabinetes. Ela quer estar nas migalhas de pão que o mendigo junta na calçada.
O poder, com suas letras grandes, engole a palavra honra, deixa ela pelos cantos dos discursos. Na política de quem manda, faltam as miudezas necessárias para o verdadeiro poder, o de cuidar. Promessa é um pedaço de sol que a gente planta nas palavras, e honra mora nos pés descalços de quem cuida do que falou. Prometer requer honra. Porque a palavra empenhada, se não se cumpre, vira lágrima no céu.
Quem anda pelos corredores do poder e se lembra de varrer os cantos do que prometeu, pode achar ela, a honra, mas só quem conseguir ‘desver’ o mundo vaidoso do poder, poderá fazer dela um caminho. A honra na política se distrai com a verdade esquecida num canto.
A gente pensa que ganhar é ser alto, mas às vezes é ser pequeno e caber no silêncio de um grilo. Perder é só outra forma de descobrir que as coisas têm jeito próprio de acontecer — quem perde o caminho pode encontrar uma árvore para conversar. A honra faz a política andar com a alma descalça.