Em tempos simples, o amor é puro,
Num instante breve, a vida voa, juro,
Se perder no tempo, não é seguro.
Drama é a palavra na miragem,
Pelos caminhos do tempo que nem temos,
Quero só o que for coragem.
A vida efêmera é brisa passageira,
Deixo para trás a dor que me rodeia,
Para uma jornada pioneira.
Meus passos são memórias de mim.
E no presente incerto, onde me entrego e sigo,
Torno-me genuíno abrigo.
Peso, medida, números, julgamentos, para o bem ou mal?
Entre erros, ego e carne, há as linhas que tecem a cura,
Nas sombras da verdade pura em um mundo desigual.
Aceito minha dívida, arco e pago com amor.
Multiplicam-se poderes no vazio que corrige,
Na infância da alma, verso é feito de flor.
Quero viver como o próprio perdão,
Ser a própria empatia. Nas leis do cálculo mundano,
Somos vida ou sombras frias?
Nos números do julgamento cruel da mágoa,
Nado nos números medindo minhas esperanças,
Pois no infinito nascemos sempre crianças.
No peito da alma, onde a chama traz paz,
Nasce hino ao que é verdadeiro, ao que perdura.
No eterno sempre novo, história se desfaz e refaz.
Homem, pesa-te por obras,
Mas mede-te no amor,
Nas chamas da fé e na espada de flor.
Cortei minha herança com mãos trêmulas,
Mas em atitude plena, canto o encanto
Em um renascer do amanhecer.
E quando a cura chegar
E o erro desvanecer,
Nunca mais irei me esquecer…
Que calculista vestido de gentileza é ação larva
Que escapa no julgamento do comportamento:
Minha experiência da crueldade transcende palavras.
O fio da determinação, sutil, invisível,
Num jogo entre destino e livre arbítrio,
Tece a narrativa da existência incrível.
Vivendo como o meu próprio pulso,
Peso se altera em princípios reconstruídos,
Erros e acertos me trazem honra ao impulso.
Sairei dessa vida quando chegar a hora,
Pela mesma porta que entrei
Ao amanhecer da aurora.
E nas contas sem fim, tem o fim das contas,
Que na porta aberta para a eternidade existe
Realmente, o fim.
Silêncios de cem palavras tecem,
Nos recantos da quietude se aquecem.
Dizem o que letras não contam,
Fim, um eco no vazio que se desmonta.
Na linguagem do silêncio, desfecha,
Em cada pausa, um capítulo se fecha,
Na penumbra do não dito, um suspiro,
Fim, sussurrado, como um tênue respiro.
As cem palavras, agora quietas,
Revelam desfechos e sombras indiscretas.
Cada silêncio, um ponto final,
Fim, como a última gota num vendaval.
Nas entrelinhas da mudez, o desatino,
Cem palavras dizem o silêncio, o divino.
No eco dos suspiros no recesso, na solidão,
Fim, vira portal para a renovação.
Heróis, ergam armas, sonhos e poesia,
Na mitologia viva dos opostos que se complementam,
Humildemente regresso ao monte, viro símbolo a esperar,
A alma que, somada à minha, comporá a própria harmonia.
Fim.