Trata-se de um mundo onde as emoções dançam em tons vibrantes, uma narrativa repleta de nuances que, apesar dos grandes desafios, revela uma beleza única e genuína.
Em um universo de emoções intensas, a pessoa com borderline carrega a dádiva de sentir profundamente. Essa emotividade não é apenas uma característica, mas uma força que permeia suas interações, permitindo-lhes criar vínculos emocionais ricos, autênticos e incomparáveis. Cada riso é um feixe de luz, e cada lágrima é uma expressão autêntica da alma.
A sensibilidade aguçada do borderline transcende o próprio ser, estendendo-se ao toque delicado da pele da própria empatia, pois a capacidade de compreender as nuances emocionais dos outros torna-se fácil para quem sente demais, nos altos e baixos, o coração borderline sempre permanece aberto para compartilhar a jornada humana e buscar consertar as coisas. Mesmo porque, ele sabe como é quebrar sem querer.
No caminho sinuoso da vida, a resiliência de um borderline é fora do comum. Cada desafio ou dificuldade é um capítulo a ser superado, uma questão de honra, revelando a força intrínseca que reside do seu lado de dentro. Suas inúmeras capacidades, são expressões da coragem criada por necessidade e da determinação que o salvou quando ninguém mais estava por perto.
A mente que experimenta as profundezas da emoção é muitas vezes a mesma que concebe obras de arte, poesia e expressões únicas. A criatividade é uma válvula de escape, um meio de transcender o emocional e dar forma a um mundo interior fascinante.
A autenticidade, como uma digital, define suas conquistas e os seus erros, jamais premeditados. Em um mundo que muitas vezes busca a uniformidade, a capacidade de ser visceralmente um ser humano é uma dádiva preciosa. Não viva achando que o seu dom é um defeito. Direcione-o, querido(a) border!
A autenticidade é uma forma de resistência para nós, pelo ambiente invalidante que conhecemos desde sempre, pela genética como realidade controvérsia, fomos fortemente incentivados pela vida a sermos ‘o erro em pessoa’, mas quando conseguimos (mesmo sem sabermos) sozinhos, uma afirmação de identidade em toda a nossa complexidade, conseguimos nos superar vez após vez, nos moldando e remoldando em conformidade com nossos intensos valores, pois eles costumam gritar com a gente.
Assim, o coração borderline pulsa com uma intensidade arrítmica, tornando-nos hábeis marinheiros em meio às tempestades mais desafiadoras e inimagináveis. Essa perícia não se limita a navegar nossas próprias tormentas, mas também nos capacita a resgatar outros das tempestades que enfrentam. Apesar dos tropeços, experiência comum a todos, contamos a história de uma alma profundamente viva. Tão viva que dói.
Certamente, a capacidade de potencializar sentimentos pode ser um grande problema, mas pode ser também extraordinário quando direcionado para experiências positivas. Essa é a mensagem que desejo transmitir hoje: a habilidade de direcionar conscientemente a intensidade, esse ‘sentir border‘, tem se mostrado uma experiência extraordinária para mim.
Agora que tenho um melhor entendimento sobre isso, canalizo minha intensidade de maneira consciente, dando-lhe expressão. Nesse contexto, simples momentos como estar ao lado de uma planta, adquirem uma profundidade única, proporcionando uma sensação similar à de compartilhar a companhia de uma pessoa prestes a compartilhar uma história comigo. A visão de uma borboleta dançando ao meu redor ganha trilha sonora, como o som das Quatro Estações de Vivaldi. O silêncio se torna uma sinfonia de fundo que só eu escuto, a suave brisa na pele se torna uma carícia que seduz os sentidos, e olhar para o céu é voar nele. Percebi que tenho em mim um “paladar emocional”.
O ‘poder do agora’ para um border precisa ser explorado!
É um reino onde as emoções fluem em correntes intensas, e precisamos entender que barrar rio intenso, barrar sentimentos, causa catástrofes naturais. O sentir intenso, quando direcionado às coisas boas e nobres, abre uma experiência que nunca experimentei antes.
A habilidade de intensificar sentimentos positivos vai além da alegria comum, transmutando-a em uma força positiva que pode ser compartilhada com aqueles que necessitam. Consegue se visualizar assim? É quase como os Ursinhos Carinhosos, que ativavam seus peitos para enviar ondas de sentimentos positivos ao universo =). É uma sensação viva do poder de se estar vivo. Só precisamos aprender a lidar com o pêndulo. Só isso.
O superpoder do borderline se manifesta na habilidade de amplificar não apenas suas próprias emoções, mas também as dos outros que estão em contato, e quando ele aprende a manipular isso positivamente, vira porto de toda gente.
————— EM TEMPO:
Este texto é dedicado a todos nós, borders, e reflete sobre as nossas qualidades e possibilidades. O escrevi a partir de doces palavras que recebi e recebo de amigos e terapeutas, aliadas às minhas experiências mais recentes. Quero expressar minha gratidão por compartilharem meus textos sobre a “Jornada do Diagnóstico” em suas redes sociais. É uma honra para mim receber esse retorno, saber que meu relato ressoa com quem está se sentindo representado. Conhecer outros pelas madrugadas da vida, que compartilham experiências semelhantes à minha, foi uma surpresa incrível e me deixou extremamente feliz.