Em um mundo que insiste em exigir, a revolução está em escolher não atender a todos os ‘achômetros’ ou julgamentos vazios de interesse pela verdade. Não somos obrigados a atender todas as demandas do mundo. Nossa liberdade reside em escolher o que realmente importa para nós.

Em minhas próprias desventuras, entre as pedras da minha própria jornada, encontro a semente da autocompaixão brotando como uma flor no solo árido da autocrítica.

É como uma dança entre o eu que sou e o eu que posso me tornar, uma harmonia entre a aceitação e a transformação. Assim como a lua abraça o escuro da noite, também abraço todas as nuances do meu ser.

Na auto compaixão encontro-me, não como quem se perde, mas como quem se visita no emaranhado delicado de ser humano… o autoabuso é perigoso demais. A cada passo, permito-me caminhar descalça sobre a grama da autenticidade, sentindo a textura real da minha existência dual.

O autêntico não se disfarça de arranha-céu, mas é a sombra do mato que cresce desajeitada. Autenticidade integra os erros. É o piar do sabiá sem plateia, o rio que corre sem ter público. 

O mundo nos exige muito. Há duras desvantagens em nossa cultura da independência e da realização individual. Autoestima possui armadilhas de ego e de raiva desmedida. Só amor-próprio precisa ser correspondido, por autocompaixão… nunca perdendo o sofrimento de vista, o nosso e o do outro. Compaixão envolve a visão clara do sofrimento. Dalai Lama orientou:

“…Basicamente, do ponto de vista do valor humano, somos todos iguais”.

É preciso entender que os erros não são rochas a serem carregadas nos ombros, mas oportunidades de regular algo novo. Os erros não nos fazem pessoas piores, não são garranchos no poema da vida, mas vírgulas que indicam uma pausa necessária para respirar e perceber o que sente. Escrevo hoje inspirada em uma frase que ouvi: “Você precisa valorizar os seus traumas”. Achei poeticamente contraditório ao que eu vinha velando até então.

Valorizar os traumas não é glorificar a dor, os traumas não são medalhas que a gente pendura no peito, mas, estão dentro dele. A questão é que eu sobrevivi a cada um deles e digo que nos traumas, há sementes escondidas que a vida plantou sem pedir licença. 

Compaixão não é importante apenas para as ‘vítimas inocentes’, mas também para aqueles cujo o sofrimento decorre de falhas, fraqueza pessoal ou decisões ruins.

Permita-se reconhecer suas vulnerabilidades como oportunidades de crescimento, abrace suas cicatrizes como parte da sua história e valorize cada experiência que o moldou. Sua jornada é única e digna de ser vivida com autenticidade e compaixão. O que você descobre quando se permite ser verdadeiramente você? E quem continua ao seu lado depois disso?

Eu, poeta do meu próprio ser, liberto-me das dores que não me pertencem e desenho versos de amor sobre cada cicatriz na obra inacabada da minha humanidade. Olha que coisa linda: não precisamos ser perfeitos para sermos dignos de amor, o que é de verdade, encontra caminhos.