Eu almo, tu almas, ele alma,
Nós almamos nas sombras da palma.
Vós almais nas margens do rio,
Outros almeiam o sol no vazio.

Eu já te almei na chuva da tarde,
Tu me almou na brisa que arde.
Nós almamos na folha caída,
Outros almam na vida esquecida.

Todos almeiam o canto de pássaro,
Eu almeio o mar imenso e raro.
Almeio a lua que em ti se esconde,
Tu, me almas na estrela que responde.

Alma é verbo dos impossíveis,
Que borboleteia nas margens do possível.
Alma almeja, alma desbrava,
Nas dobras do tempo se escava.

Alma reluz, alma se aventura,
Nos sonhos insistentes, procura e murmura.
Alma se espalha, se concede, se liberta,
Se oferta e se desperta.