Num instante que rebenta em vida
No útero do instante, a pulsante agonia:
De querer mais vida, mais que o dia a dia.
É sempre onde a vida quase não cabe,
Que a minha própria alma me invade.
Cato no quintal os cacos de infância,
Na alma das coisas, as velhas lembranças.
E na velhice dos dias, brinco de ser gente,
Pois ser é ser pequeno, e presente.
Meu verso se faz do chão, da terra,
Da morte que silencia, da vida que berra.
Também me importa o nada, o quase, o mínimo,
O instante que se estende, o tempo íntimo.
Na gestação de instantes, sou eterna pulsão,
Pois viver é arte, é ofício e missão.