Estar completa de vazios,
É como estar completa de infinitos.
Não sei quase tudo do viver e quase nada do morrer.
Sobre o vazio eu tenho profundidade,
Conheço cada um deles, são muitos, quase iguais.
Palavras podem ser imortais e mortais,
Algumas matam, outras se matam.
Meu órgão de viver anseia por eternidades
Enquanto degusto instantes, bebendo-os
Em goles profundos para desdobrar momentos
Em paladar de tempo ao tempo
Que não vale o quanto mas o como
Então, como o tempo enquanto ele me come.
Inverno que mais mata é o da alma,
Dá pra morrer de frio por dentro.
Carência tem sentido figurado em dores literais.
Quero amanhecer desejos e incendiar
As algemas que fazem dos destinos, ciscos.
Poesia caminha nos detalhes,
Romantismo mostra a cara nos detalhes,
A alegria e a tristeza duelam nos detalhes
— é tudo que eu sei na pele.
Casa de orvalho tem alicerce em que?
Dá para umidificar uma tarde botando chuva nela,
Dá pra secar amor colocando faltas nele.